sexta-feira, 23 de maio de 2008

LÁ NO FUNDO DO BAÙ...
Lá no fundo do Baú havia de imprestável dentro de si, lá no fundo do baú, o discípulo ajoelhou e chorou.O choro é interrompido pela doce Voz de seu Mestre, que carinhosamente orientando-o, segreda em seus ouvidos:- Você viu quanta poeira e também o tanto de coisas imprestáveis e inúteis você ainda conserva dentro de si? Como queres estar bem se, dentro de si, não está bem? Veja aquela caixa no canto esquerdo de seu coração. Abra-a e vamos ver o que nela contém.Ao abrir a caixa, bem devagar e cuidadosamente, parecendo estar desarmando uma bomba relógio, descobriu que nela havia uma porção de massa de cor preta, gosmenta e com vida própria, relativamente pesada e assim etiquetada: Não preciso de ninguém e Não devo nada à ninguém.A Luz de seu Mestre clareou em sua mente e percebeu que ali havia traços de orgulho. Obedecendo a orientação, com sua mão direita, trêmula, retirou a caixa de seu coração, sentido um grande alívio. Seu coração parecia ficar mais leve. Sentiu-se envolvido por um tanto de Paz. A doce Paz que há tempos vinha buscando. A cena durou somente alguns segundos. Automaticamente e por atração, a caixa voltou para o lugar que estava e lá ficando, desta vez, como se estivesse colada, pois tentou várias vezes reavê-la, sem êxito.É interrompido por seu Mestre que lhe sorri, pedindo que ele abra outra caixa, mais outra, mais outra e mais, mais...A cada caixa que abria, decepções apareciam: Preguiça, Decepção com as pessoas, excesso de críticas e ausência de autocrítica, Sentimentos de pequenas (pequenas?) vinganças, Pressa infundada em obter alguns resultados imediatos, Insegurança, Intolerância com as pessoas e as situações e, dentre elas, uma grande caixa onde estavam colocadas diminutas situações: “Pequenos desacertos, Pequenas preocupações, Pequenos deslizes etc.” Esta parecia ser a caixa mais perigosa e, infelizmente, passou-lhe desapercebido. Havia também uma pequena caixa, bem diminuta, etiquetada com letras pequenas que dificultava a identificação: esperança em uma vida melhor. A caixinha, frágil, carecia de cuidados para pegá-la. Quando a trouxe para junto de si, ela parecia querer desfazer-se tanto era sua fragilidade, parecendo suaves pétalas de uma singela rosa. Notando que ficara mais tempo com esta caixa que com as outras, deleitou-se naqueles momentos. Viu que estava frente a frente com sua Esperança. A doce Esperança, esperada e Sagrada Esperança.Nesse momento passou rapidamente por sua mente, cenas de sua vida. Cenas tristes lhe fizeram chorar. Outras, o pensamento calar.O discípulo é novamente interrompido pelo Mestre que parece beijar-lhe o coração. Sente-se agora envolvido em clima de Paz e ouve novamente seu Bendito Mestre que lhe traz orientação, Divina Orientação:- A Verdadeira Caminhada de limpeza interna começa hoje. Uma lágrima teima em rolar, vagarosamente, por sua face. Porém, já se vê estampado em seu rosto a marca da Esperança crescendo. Abre os olhos e vê que a vida segue seu curso normal.Repete mentalmente a Sábia Orientação:“- A Verdadeira Caminhada começa hoje”.- Estas palavras parecem ecoar por todo o seu interior. Sente sua Esperança crescida, vê-se acordando para a Vida...

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