sexta-feira, 30 de maio de 2008

Saudade
Entre todas as dores, pode perguntar, a que mais dói é a da saudade.
Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de um filho que estuda fora. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa. Doem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se menor, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter. Saudade é basicamente não saber. Não saber se ela tem comido bem por causa daquela mania de estar sempre ocupada; se ele tem assistido às aulas de inglês, se aprendeu a entrar na Internet e encontrar a página do Diário Oficial; se ela aprendeu a estacionar entre dois carros; se ele continua sorrindo com aqueles olhinhos apertados; se ele continua cantando tão bem...
Saudade é não saber, mesmo! Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos; não saber como frear as lágrimas diante de uma música; não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche... Saudade é não querer saber se ela está com outro e, ao mesmo tempo, querer... É não saber se ele está feliz e, ao mesmo tempo, perguntar a todos os amigos sobre isso...
Saudade é não querer saber se ele está mais magro, se ela está mais bela... Saudade é nunca mais saber de quem se ama e, ainda assim, doer...
Não importa o quanto essa nossa vida nos obriga a ser sérios. Todos nós procuramos alguém para sonhar, brincar, amar... e tudo o que precisamos é de uma mão para segurar e um coração para nos entender.

Nenhum comentário: